segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Exposição "Sem título"

Exposição sem nome definido reúne trabalhos de Júlio Veredas, Flávia Aguilera, Rafael Pieroni e Samantha Pires Santos.
  Samantha Pires - Divulgação

Veio do consagrado artista plástico sorocabano Júlio Veredas, a ideia de reunir, em um espaço alternativo, seu mais recente trabalho a novos nomes das artes na região. Assim, a partir de uma seleção de artistas que merecem a admiração de Veredas - Flávia Aguilera, Rafael Pieroni e Samantha Pires Santos - montaram a exposição multilinguagem conjunta, que começa nesta segunda, dentro do projeto "Carne de Segunda", do coletivo Rasgada Coletiva. Os artistas optaram por não dar nome para exposição, para que cada um pudesse ficar mais livre nas suas criações, que contam com colagens, fotografia, escultura, pintura e desenhos. Os trabalhos permanecem na sede do coletivo até o dia 23 de agosto e podem ser conferidos durante os eventos que acontecerão nesse período. "A idéia foi minha e o motivo foi o de mostrar meus novos trabalhos. Primeiramente, pensei no espaço que comportaria o tema que eu estava desenvolvendo, depois de várias pesquisas cheguei ao projeto Carne de Segunda, do qual fui prontamente muito bem recebido para essa mostra das imagens que me "perseguem". Depois de tudo acertado, achei que deveria abrir e dividi-lo com jovens artistas que admiro", defende Veredas.
Como conta, conheceu os trabalhos de Flávia quando ela participou de uma oficina de esculturas que coordenou. "Fiquei impressionado com o que vi. Me passou uma profunda interiorização dentro de uma estética muito original", elogia. A Samantha é sua aluna "e também uma grande promessa dentro das artes plásticas, totalmente focada e comprometida com a arte", pontua o professor, lembrando que, outro talento que admira e por isso acabou compondo o elenco, é o fotógrafo sorocabano Rafael Pieroni, que segundo Veredas, trabalha com fotos e projeções com muita sensibilidade. "Por tudo isso é que resolvi abrir e dividir com o que acho que vem de melhor por aí, na minha visão muito pessoal", admite o artista, que descobriu ainda Maria Radicce quando foi júri num Salão de Artes da qual ela foi uma das premiadas e a convidou para formalizar os textos que acompanharão os trabalhos.
Além dos trabalhos dos jovens artistas, a exposição apresenta também as novas obras de Veredas, que serão 23 colagens com pintura sobre papel, que remetem ao sagrado e ao profano, mas sem nenhuma conotação religiosa ou intenção de questionar qualquer crença, adianta o artista e curador. "São imagens que me acompanham desde criança de uma forma muito pessoal e ainda me causam estranheza e me intrigam", revela.
A abertura da exposição está marcada para às 19h de segunda-feira (13), dentro da programação Carne de Segunda, na sede do coletivo Rasgada Coletiva, que fica na rua Carlos José Nardi, 117, na Vila São João. A entrada é gratuita. Além da exposição haverá apresentação do cantor folk irlândes Bernard Naughton (voz e violão).
A cidade e seus silêncios
"Eu acho que o Carne de Segunda carrega um caráter de transitoriedade artística, é uma junção de muita gente interessada em fazer, ver e partilhar. O espaço por ser democrático é de passagem, de tudo e de todos. Foi pensando nesta linha, que fui revendo algumas imagens que tenho produzido recentemente com a câmera do celular e cheguei a esta edição. O celular é outro dispositivo que veio ajudar o fotógrafo, ele me fez reencontrar a liberdade fotográfica que há muito havia perdido com equipamentos pesados, flashes, mochilas, etc. O celular me permite ser fotógrafo em qualquer circunstância e qualquer momento. Estes temas se amarram de alguma forma às questões da vida na cidade e a inserção do homem no espaço. Daí para a edição final foi simples. Este trabalho é um diálogo com o espaço. Uma investigação dos vazios e lacunas exaustivamente reproduzidos pela urbe. A cidade, sempre gigante e devoradora, apresenta uma série de não-lugares, espaços inabitados, sem vida (temporariamente ou permanentemente). São nestes intervalos que residem meu interesse, no curto espaço onde o homem e a cidade não se pertencem mais" - Rafael Pieroni
Íntimo e delicado
"Adoro fazer colagens, nada mais gratificante que transformar um livro conservador em algo mais humano e subjetivo. A subjetividade sempre está presente nos meus trabalhos, inclusive na escrita, pois gosto de deixar as pessoas livres pra interpretar de acordo com a experiência que cada uma teve em sua vida. Por isso, o tema que escolhi eu digo que é sobre a psique humana, ou seja, envolve alma, ego e mente. É completamente íntimo, mas não só a mim, pode ser íntimo de todos que se identificarem ali, como humanos. Para o trabalho, realizei uma experiência nova para o tingimento das folhas, que ainda não havia explorado, mas quando pensei no suporte para as obras, tinha que ser algo assim, com cara de antigo, por causa das memórias que eu colocaria ali (como as fotos dos pais). E foi a solução que eu encontrei" Samantha Pires Santos
O sentimento inadequação
O tema destes trabalhos caminham entre a efemeridade do corpo e a relação do homem com a permanência das lembranças, e pensamentos conflitantes sobre seu próprio eu e a tentativa de comunicação entre as pessoas. Usando a representação do corpo humano e substituindo seus órgão internos por elementos simbólicos, eu tento comunicar o sentimento de inadequação com a estética, moralidade e sistema social em que estamos inseridos, os desejos de progresso totalmente infundados e sem perspectivas, e também a visão do humano como um animal frágil, sensível, deslumbrado, romântico e ingênuo, que se apega e depende de coisas tão pequenas ou simples que às vezes acaba por criar monstros incontroláveis. As técnicas utilizadas vão do desenho, pintura e escultura, sendo que alguns dos desenhos e pinturas viraram esculturas e vice-versa" - Flávia Aguilera.
Por Maíra Fernandes / maira.fernandes@jcruzeiro.com.br
http://www.cruzeirodosul.inf.br/acessarmateria.jsf?id=410263

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