Ângela
Maria, nome artístico de Abelim Maria da Cunha vem de uma
família humilde, sua mãe era dona-de-casa e seu pai,
pastor de igreja evangélica. Por conta disso, desde criança
cantava no coral de uma Igreja Batista próxima a sua casa. Com
isso, foi aprendendo a amar a música e o universo das
melodias. Durante sua infância e adolescência, morou nas
cidades de Niterói, São Gonçalo e São
João de Meriti. Durante sua juventude trabalhou em uma fábrica
de lâmpadas e foi operária tecelã em uma
indústria de tecidos, mas sempre quis ser cantora, sonhava em
ir para as rádios e fazer sucesso, mas o pai era contra por
ser muito religioso, querendo que a filha fosse para a igreja e
casasse cedo, mas ela não tinha desejo de viver assim, e foi
atrás do seu grande sonho, que era cantar.
Em 1947,
aos 19 anos, trabalhava de dia, e a noite, tentava de todos os meios
conseguir vaga em alguma programa de música, indo de rádio
em rádio fazer inscrições para sorteios, até
que conseguiu ser premiada e se apresentou aos jurados em uma rádio,
e passou no teste. Com isso, começou a se apresentar como
cantora no Pescando Estrelas, um programa de calouros. Adotou o nome
de Ângela Maria para não ser identificada pela família,
que se soubesse, não a deixaria nem mais sair de casa. Sua
interpretação era considerada belíssima, sempre
tirava nota máxima e ganhava todos os concursos. Todos a
queriam para cantora e assim, foi cantar no famoso Dancing Avenida e
depois na rádio Mayrink Veiga. Em 1951, com a família
já sabendo de tudo e mesmo a contra gosto, aceitando a vontade
da filha, Ângela gravou o primeiro disco. Veio assim o sucesso
que sempre a acompanhou.
Com
grande sucesso no Brasil, passou a viajar o mundo com canções
belíssimas em sua voz considerada muito harmônica. Além
de cantora, fez cursos de teatro, e atuou em cinema, no
longa-metragem Portugal, Minha Saudade em 1973.
Ângela
Maria consagrou-se como uma das grandes intérpretes do gênero
samba-canção (surgido na década de 1930), ao
lado de Maysa, Nora Ney e Dolores Duran.
Gravou
dezenas de sucessos como Não Tenho Você, Babalu,
Cinderela, Moça Bonita, Vá, mas Volte, Garota
Solitária, Falhaste coração, Canto paraguaio, A
noite e a despedida, Gente humilde, Lábios de mel, etc.
Em 1994
foi Homenageada pela Escola de Samba Paulistana Rosas de Ouro, que
com o Enredo "Sapoti", a Rosas de Ouro foi consagrada
Campeã do Carnaval de São Paulo nesse ano.
Em 1996,
foi contratada pela gravadora Sony Music e lançou o CD Amigos,
com a participação de vários artistas como
Roberto Carlos, Gal Costa, Caetano Veloso, Alcione, Fafá de
Belém entre outros. O trabalho foi um sucesso, celebrado num
espetáculo no Metropolitan, atual Claro Hall (Rio de Janeiro),
e um especial na Rede Globo. O disco vendeu mais de 500 mil cópias.
Foi uma
fase muito feliz da carreira da cantora que, no ano seguinte,
apresentou o álbum Pela Saudade que Me Invade, com sucessos de
Dalva de Oliveira, e um ano depois gravou, com Agnaldo Timóteo,
o CD Só Sucessos, também na lista dos cem álbuns
nacionais mais vendidos. Após a saída da Sony, Ângela
voltou a gravar em 2003, desta vez pela Lua Discos, o Disco de Ouro,
com um viés eclético, abrangendo compositores que vão
de Djavan a Dolores Duran.
Em 2011,
após 45 anos do surgimento da série Depoimentos para a
Posteridade do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro, foi
convidada em 23 de agosto para deixar registrada sua história.
Na entrevista contou passagens importantes de sua carreira artística,
afirmando ter gravado 114 discos e vendido cerca de 60 milhões
de exemplares.